quinta-feira, 26 de julho de 2012

Jogos em uma cidade sitiada



Nesta sexta-feira começam em Londres os Jogos Olímpicos de verão. A Olimpíada ainda não começou mas já entrou na História no que se refere às medidas de segurança e aos escândalos.

A tentativa de contratar empresas privadas para manter a segurança dos Jogos fracassou, as Forças Armadas britânicas transformaram a zona olímpica da cidade em uma verdadeira fortaleza, na cidade há equipamentos militares pesados, aviação e até um porta-aviões.

Falta pouco mais de um dia para a abertura dos Jogos Olímpicos. Nos aeroportos de Londres é grande a balbúrdia: centenas de milhares de torcedores chegam à cidade para ver as competições. Todos se debatem com a principal característica destes Jogos: o enorme número de policiais e militares nas ruas e edifícios.

As autoridades da Grã-Bretanha não escondem que Londres está praticamente em estado de sítio. A ministra do Interior, Theresa May, declarou abertamente:

"A operação de garantia da segurança dos Jogos Olímpicos é a mais complexa e de maior envergadura desde os tempos da Segunda Guerra Mundial."

Só que as autoridades britânicas não estavam preparadas para esta luta e, nos últimos meses, foram obrigadas a tomar medidas urgentes para salvar a situação.

O primeiro sinal preocupante surgiu quando se soube dos problemas da empresa G4S – que foi escolhida para garantir a segurança da Olimpíada. O Governo resolveu fazer uma experiência e economizar, optando por empresas privadas de segurança e não pela Polícia. A empresa G4S deveria pôr a disposição 10.500 agentes de segurança, tendo exigido para isso 280 milhões de libras. Acontece que a empresa assumiu esse compromisso sem ter assegurado os necessários recursos humanos. Ela não conseguiu recrutar o número necessário de agentes e muitos se recusaram a trabalhar. Tudo isso provocou um enorme escândalo nacional, tendo o diretor da empresa, Nick Buckles, sido chamado ao Parlamento, onde enfrentou a indignação dos deputados.

Durante a Olimpíada, as autoridades suspenderam temporariamente a resolução do conflito com o proprietário da G4S, agora o mais importante é garantira segurança.

Mas não devemos ter dúvidas – depois dos Jogos, algumas cabeças irão certamente rolar. O incumprimento do contrato pode custar aos contribuintes britânicos no mínimo 200 milhões de libras esterlinas. As autoridades foram obrigadas a mobilizar à pressa de várias regiões do país forças adicionais da Polícia e militares. Eis o que disse a este propósito a ministra do Interior, Theresa May:

"A empresa G4S não cumpriu as suas obrigações mas nós temos os melhores militares do mundo. Quaisquer divisões que sejam necessárias poderão e estão prontas a vir ajudar a qualquer momento, quando o seu profissionalismo for necessário ao país."

As declarações tocantes da ministra não se coadunam com a dura realidade. Os militares (isso nem sequer é escondido) não fazem mais que “tapar buracos” no sistema de segurança dos Jogos Olímpicos.

É claro que, para os simples visitantes e torcedores, a maior parte dos problemas acaba por não ser visível mas acabará por ter influência na atmosfera dos Jogos. É difícil esperar simpatia da parte de um policial que foi trazido do outro lado do país ou de um militar cujas férias com a família foram canceladas devido à negligência dos funcionários.

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