Foram ouvidos peritos da ONU acerca do fusilamento de mais
de 100 sírios na aldeia de Al Houla, perto de Homs. Também foi vinculada a informação
que, no distrito de Deir ez-Zor, foram encontrados os corpos de 13 sírios
executados com as mãos amarradas.
Os pormenores de sessão e
as conclusões não foram divulgadas. Entretanto, sabe-se que uma série de países
ocidentais difundiram a ideia de reforçar as sanções contra a Síria devido à
escalada de violência que se vive naquele país, o que foi contestado pela
Rússia. Anteriormente, já o MRE chinês tinha declarado que as sanções só iriam
agravar a crise na Síria.
Depois da sessão
reservada, a representante permanente dos EUA Susan Rice não excluiu a
possibilidade de contornar o Conselho de Segurança da ONU no caso de insucesso
do plano de paz de Kofi Annan, tendo declarado que atualmente trata-se do
cenário mais provável. Essa declaração foi comentada por Andrei Volodin,
representante da academia diplomática russa:
"Nesse contexto,
gostaria de colocar uma questão a Susan Rice. Como iria essa intervenção
refletir-se na campanha presidencial de 2012? Ao iniciar ações militares, a
elite americana no poder neste momento iria correr grandes riscos. Segunda
questão: uma intervenção militar iria quebrar o mosaico das relações existentes
no Mediterrâneo oriental. Trata-se não só da Síria, mas também da Turquia e de
outros países limítrofes ou próximos. Essa intervenção pode provocar uma onda
de conflitos de média e de alta intensidade fora da capacidade de controle do
Ocidente."
A melhor forma de evitar cenários catastróficos é tentar
cumprir o plano de Kofi Annan, declarou o representante permanente da Rússia na
ONU Vitali Churkin, ao comentar depois da sessão a posição dos parceiros
ocidentais que admitiram um cenário militar para a resolução do conflito sírio.
Entretanto, o diplomata russo considerou como inadmissível a tendência que se
vislumbra nos acontecimentos sírios. Esta, segundo afirmou, não trará nada de
bom – nem para o governo, nem para a oposição, nem para o povo sírio. Vitali
Churkin apelou à tomada de mais avanços corajosos para inverter essa tendência
negativa. Essa declaração de Moscou foi comentada pelo analista do Instituto de
Estudos Orientais da ACR Vladimir Isaev:
"O apelo a medidas
corajosas destina-se , na minha opinião, à oposição. Esta deverá pensar quais
são os seus objetivos. Isso porque em todas as entrevistas de representantes da
oposição só se ouve uma coisa: Assad deve ir-se embora. Falei muitas vezes com
eles e perguntei: muito bem, e depois? Há algum plano? Não há nenhum plano.
Digam quais são as personalidades que podem emergir. Também não há resposta.
Por isso, essas palavras acerca de avanços corajosos e racionais destinam-se,
provavelmente, à oposição síria. Esta deve arranjar coragem, sentar-se à mesa
das negociações e resolver normalmente o problema sem o recurso a qualquer tipo
de armas."
O representante
permanente da Síria na ONU Bashar Jafari declarou que as forças exteriores à
Síria pressionam a oposição para que esta se recuse a dialogar com Damasco,
apelando à comunidade internacional para que esta ajude a Síria a resolver a
crise em vez de contribuir para a sua escalada.
Entretanto, os revoltosos sírios apresentaram um ultimato ao
presidente Bashar Assad, dando-lhe 48 horas para a execução do plano de paz de
Kofi Annan. O ultimato expira ao meio-dia de sexta-feira. Depois disso, o
Exército Sírio Livre, braço armado da oposição, considera-se livre das
obrigações que decorrerem do plano do representante especial da ONU e da Liga
Árabe para a Síria
Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2012_05_31/siria-conselho-da-seguranca-situacao/