A oposição no Líbano disse neste domingo que um diálogo para superar a crise só será possível com a renúncia do primeiro-ministro, Najib Mikati. A crise foi deflagrada com um atentado em Beirute, na última sexta-feira, que causou a morte do chefe de inteligência Wissam al-Hassan.
“Nenhuma negociação antes de o governo sair. Nenhum diálogo sobre o sangue dos nossos mártires”, disse o ex-primeiro-ministro Fouad al-Siniora a milhares de pessoas que acompanhavam o funeral de al-Hassan.
Soldados foram destacados em grande número para acompanhar o funeral em Beirute, com equipes patrulhando cruzamentos e parando veículos que entravam na região central. O reforço na segurança não impediu que protestos fossem realizados. Manifestantes tentaram atacar prédios públicos e a polícia usou gás lacrimogêneo para tentar dispersar o protesto. Tiros foram ouvidos.
O primeiro-ministro Mikati, um bilionário que conta com o apoio do aliado sírio Hezbollah, disse ontem que pretende permanecer no poder.
Hassan morreu quando um carro-bomba explodiu no bairro de Ashrafiyeh, em Beirute. O atentado matou outras sete pessoas, incluindo um dos guarda-costas de Hassan, e deixou 78 feridos.
O general Hassan era ligado a Saad Hariri, líder da oposição libanesa hostil ao regime de Bashar Assad na Síria, e era considerado um dos principais candidatos para assumir o comando das FSI no final do ano.
Logo após o atentado, Hariri culpou o regime do ditador sírio pelo atentado. Seu pai, Rafik, morreu há sete anos em um atentado que, segundo seus aliados, teria sido de autoria de Damasco e do grupo terrorista Hezbollah, aliado de Assad.
Na Síria, o regime do alauíta Assad ofuscou a importância da maioria sunita, acendendo a ira de uma etnia que corresponde a 74% da população.
O Líbano ainda está se recuperando de uma guerra civil que durou 15 anos. O fim do conflito, em 1990, não significou o fim dos assassinatos e da tensão sectária entre sunitas, xiitas, cristãos e outros. O atentado de sexta aumenta o temor de que o conflito da vizinha Síria esteja se alastrando. No Líbano, comunidades religiosas se dividem entre as que apoiam Assad e aquelas que estão do lado dos rebeldes.
(Com agência Reuters)
Fonte: Veja
Carro-bomba que explodiu nesta sexta-feira (19) na capital do Líbano, Beirute (Foto: Reuters) |
O general Wissam al-Hassan (Foto: AFP) |
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